Por Cacau Wootton Villela
Boa noite, povo!
Estou estreando hoje o novíssimo espaço de reconhecimento de nossos mestres: a sessão puxa-saquismo; não que seja uma real cripta aduladora, mas sim o local certo de puro sabujo lisonjeado de consideração. Tentarei me comprometer a tornar esta sessão possível quinzenalmente, e para hoje a atração será, exata e justamente, o professor Sérgio Monge, mestre de Física e Matemática, e patenteador de jargões imortais como Fraldinha e Bispo de Marília.
Nascido em Pacaembu (interior de São Paulo), sofre de úlcera aguda, Fatecano, Corinthiano e Chato; o professor mais cricri para os Fraldinhas (qualquer aluno abaixo do terceiro ano), o mais justo com todos (democracia = 50% + 1), o maior reclamão dos gizes de quinta e que melhor sabe fazer o “calcário reduzido a pó e moldado em forma de bastonete” berrar, ao desenhar qualquer gráfico ou linha na lousa.
Sem dúvida, é o professor menos desejado aos alunos do nono ano (antiga oitava série), e muito querido pelos protagonistas deste blog: alunos do terceiro. Com ele, aprendemos Física desde a oitava e Matemática, do segundo ano. O cara mais interessado na origem de qualquer sobrenome de aluno, sempre no ritual de primeiro dia de aula: “Filho, levanta! Qual seu nome?”, para o coitado falar o primeiro nome e o já manjado “Filho, quem tem um nome só é bicho. Qual é o seu nome inteiro?”. Ain!
Bocejar já é lei em qualquer aula, mas bocejar bem na hora que ele vê, e ser contemplando com um escândalo, dizendo para o colega de sua frente tomar cuidado para não ser engolido pela sua manifestação de sono, é demais e diário; tentar defender algum amigo, para ele, é ser advogado; criar vocativos como “ô bichão”, “filha, querida” e “ô nii chan” é de praxe; perguntar se estão vendendo pinga, sempre após o intervalo, na cantina e terminar qualquer explicação com o famoso “Dúvidas? Reclamações? Abaixo-assinados? Ombrinho para chorar?” - essa é nova - desde sempre ; abrir todas as janelas e cortinas para arejar a sala, alegando que quem gosta de calor é mosquito da dengue, explicar a Terceira Lei de Newton com bRoquinhos, óptica com o zóio, reclamar do governo, do futebol, do preço da picanha, dos óculos, da água, da vida... São tantos clichês que farão tanta falta!
Confesso que morria de medo dele. Simplesmente não respirava em suas aulas e como reclamava (Céus!). Principalmente por ele sempre meter banca de mandão, bravo, intolerável; mas posso dizer com bastante confiança que, apesar de volúvel, altamente desorganizado e previsível ao dizer todo ano que vai parar de “dar” aula e voltar para o interior, que ele se torna bem mais humano com o passar do tempo. E que tá ficando com o coração muito mole com os Fraldinhas!
Sei bem que falsidades não são com o Monjão, mas assim como ele disse uma vez, “nunca sempre; sempre ler; nunca apagar” contraditoriamente permanente são momentos e professores como ele que jamais serão apagados da minha lembrança; porque para marcar, seja ela ensinando a ser gente, seja ela se preocupando com as datas de incrição dos vestibulares de inferno (com f mesmo), seja ela ensinando a ser gente, tem que ser alguém.
Sim or no? YEEES!